Trekking

Garganta de Loriga

 

passadicos.com12,31 quilómetros - Dificil            próximo a Loriga, Guarda, Serra da Estrela (Portugal)

PERCURSO: Loriga » Torre (Serra da Estrela) 

Dia: Quinta-feira, 14 de Agosto de 2012 
Circular: Não 
Desníveis: muito acentuados 
Subida acumulada: 1171 metros 
Altitude mínima: 826 metros 
Altitude máxima: 1993 metros 
Sinalização: entre as marcações e as mariolas não há problema 
Limpeza do trilho: Nalgumas zonas o mato dificulta a progressão 
Exposição solar:Elevada 

BREVE DESCRIÇÂO DO PERCURSO:
Apesar de estarmos em Agosto até estava fresquinho, com cerca de 11ºC quando começámos. 
Para o caso de algum de nós não saber ao que ia, o início mostrou logo o que nos esperava, ou seja, muita subida e inclinada. A fase inicial foi por um caminho, onde podemos apreciar as vistas para Loriga, para o Colcurinho na Serra do Açor, a praia fluvial de Loriga e também os primeiros vislumbres da "garganta de loriga. O caminho foi tornando-se mais complicado, ao subirmos por pedras e mais pedras, mas para compensar a paisagem era soberba. Lá chegámos à garganta, ao covão da areia, ao covão da nave e sempre com uma vista de cortar a respiração. Sozinhos, no meio do nada ou de tudo, acompanhados por um silêncio apenas quebrado por nós. Seguiu-se o Covão do Meio, o Covão Boeiro e as lagoas. Fizemos o nosso "almoço" na lagoa do Covão das quelhas, alguns de nós com os pés nas águas frias. Terminado o almoço lá seguimos caminho com a lagoa do Covão das Quelhas de um lado e a lagoa Serrano do outro. Com maior ou menor dificuldade lá chegámos à Torre, cansados, maravilhados com a paisagem que nos acompanhou e com uma satisfação enorme pelo objetivo alcançado. 

VALE GLACIAR DE LORIGA
O belíssimo Vale de Loriga teve origem glaciar, tal como o Vale do Zêzere, este situado do lado oposto da Serra da Estrela. O mesmo glaciar, que se situava no planalto superior da serra, dividiu-se e rasgou estes dois vales, e outros vales menores e menos imponentes. Porém, os dois vales glaciares mais imponentes da Serra da Estrela são diferentes porque as condições geológicas foram um pouco diferentes. Do lado de Loriga, o granito era mais compacto e sólido, pelo que os efeitos erosivos do glaciar foram diferentes e dificultaram a erosão ao Glaciar de Loriga. 

Assim, enquanto do lado de Manteigas o glaciar abriu o característico vale em U aberto, do lado de Loriga o gelo rasgou um vale mais estreito, deixando altos penhascos e encostas escarpadas, um cenário não menos espectacular. Devido a estas características, os menos eruditos dividem-se entre os que consideram que o Vale de Loriga não é um vale glaciar e os que pensam que a parte do glaciar que abriu este vale era menor que aquela que abriu o Vale do Zêzere. 

Outra característica do vale são as depressões em socalcos, onde outrora existiram lagoas, e que são conhecidas como covões. A maior dessas depressões teve aproveitamento hídrico considerável, a Barragem de Loriga [Barragem do Covão do Meio]. (…) De referir uma outra depressão chamada Covão da Areia, que se encontra na espectacular Garganta de Loriga. 

A partir da Garganta de Loriga, o glaciar libertou-se, passando a escavar um terreno menos resistente à erosão. O grosso do glaciar abriu uma belíssima parte do vale, conhecida por Chão da Ribeira, onde se podem admirar os enormes blocos de granito, arrancados mais acima pelo gelo e ali depositados. Outras partes do glaciar "transbordaram" contornando a Garganta de Loriga, precipitando-se em cascata, criando as espectaculares encostas abruptas que são um ex-líbris inconfundível da paisagem loriguense, tais como a Penha do Gato e a Penha dos Abutres. O glaciar escavou então uma grande bacia, onde esteve depositada uma enorme quantidade de gelo, criando aquela que é a parte mais ampla do vale, onde está situada a vila. 
O glaciar começou por escavar a zona mais ampla do vale, para depois, à medida que ia perdendo massa, permitir a acumulação nessa área de materiais que foi arrastando. Estes materiais foram-se depositando ao sabor da corrente do glaciar e da resistência que foi encontrando pelo caminho. Assim, a parte da colina onde foi fundada Loriga há mais de vinte e seis séculos, toda ela constituída por sedimentos arrastados pelo glaciar, só existe devido ao afloramento granítico localizado onde hoje está o Bairro de S.Ginês (S.Gens). A corrente do glaciar foi "obrigada" a contornar esse afloramento rochoso, criando de seguida uma acumulação de sedimentos. A erosão do glaciar, entretanto já "moribundo", e das duas linhas de água que surgiram, moldaram o vale onde hoje se encontra a vila, deixando-o com uma aparência próxima da actual. 

(…) A área inferior do Vale Glaciar de Loriga foi aberta pelos restos do glaciar e pela acção erosiva das águas. 

LORIGA:
Loriga é considerada uma vila e freguesia portuguesa do concelho de Seia que pertence ao distrito da Guarda. De acordo com os censos de 2005 esta vila situada em plena montanha tem uma área de 36,52 km² e uma densidade populacional de 37,51 hab/km². 
A Vila de Loriga fica situada na Serra da Estrela a cerca de 770 metros de altitude como que protegida por duas sentinelas vigilantes e altivas que parecem tocar no céu e, que são a Penha do Gato com cerca de 1800 metros e a Penha dos Abutres com mais de 1800 metros. Uma estrada serpenteante e magnífica para o turismo, bem lançada em audaciosas curvas pelas encostas da serra onde a engenharia moderna pôs todos os seus recursos. Loriga é uma das terras serranas mais formosas, bem digna da visita dos turistas, onde, entre os mais diversos predicados naturais e artísticos, decerto encontrará também o descanso e a paz de que necessita. 
É conhecida como a "Suíça Portuguesa" devido à sua extraordinária paisagem e localização geográfica. 
Acessos 
Loriga encontra-se a 20 km de Seia, 80km da Guarda e 300km de Lisboa. A vila é acessível pela EN 231, e tem acesso directo ao ponto mais alto da Serra da Estrela pela EN338, estrada concluída em 2006, seguindo um traçado pré-existente, com um percurso de 9,2 km de paisagens deslumbrantes, entre as cotas 960m (Portela do Arão ou Portela de Loriga) e 1650m, junto à Lagoa Comprida, onde se liga com a EN339. 


COVÂO DO MEIO
A lagoa do Covão do Meio foi construída no 2.º covão glaciar (a contar de cima) do vale glaciar de Loriga. A título de curiosidade, este vale glaciar é, de todos os vales glaciares da Serra da Estrela, aquele que possui maior número de covões glaciares ("ombilic", como termo técnico) bem definidos e perceptíveis. Ao todo são 4: 
O glaciar terá atingido, no máximo da glaciação, uma extensão aproximada de 7 km e atingiu uma altitude mínima de 800 metros. A erosão provocada pelo glaciar é demais evidente, não só pela existência de um número elevado de covões, mas também pela existência de superfícies rochosas lisas, aborregadas e polida, provocadas pelo efeito "abrasão" da massa de gelo. Estas características geológicas são perfeitamente visíveis na cabeceira do Covão do Meio, bem como a existência de estrias (microformas) nas superfícies rochosas, resultantes da fricção entre a superfície rochosa e os fragmentos que eram transportados/arrastados pela língua glaciar. 
A lagoa do Covão do Meio entrou em funcionamento em 1953. É uma lagoa artificial do tipo “arco de abóbada” que possui um dique de 25 metros de altura (ponto máximo) e uma extensão de 287 metros. Como característica mais evidente desta lagoa, é a existência de um túnel de aproximadamente 2355 metros de extensão, que canaliza a água para a Lagoa Comprida. 

TORRE
A Torre é o ponto de maior altitude da Serra da Estrela e também de Portugal Continental, e o segundo mais elevado da República Portuguesa (apenas a Montanha do Pico, nos Açores, tem maior altitude - 2351 m). Este ponto não é um cume característico de montanha, mas sim o ponto mais alto de uma serra. A Torre tem a característica incomum de ser um topo acessível por uma estrada pavimentada, no fim da qual há uma rotunda com um monumento simbólico da Torre existindo também um marco geodésico. Diz-se, embora tal não seja confirmado, que o rei D. João VI teria no início do século XIX mandado erigir aqui um monumento em pedra, de modo a completar a altitude até chegar aos 2000 metros. 
O ponto situa-se no limite das freguesias de Unhais da Serra (Covilhã), São Pedro (Manteigas), Loriga (Seia) e Alvoco da Serra (Seia), sendo, por isso, pertença de três municípios: Covilhã, Manteigas e Seia. A Torre também dá o nome à localidade onde está situada, a parte mais elevada da serra. 
A real altitude desta área é de 1993 m, conforme acertos introduzidos por medições realizadas pelo Instituto Geográfico do Exército. Precisamente no ponto mais elevado foi construída a Torre, um marco geodésico que assinala o ponto mais elevado da Serra da Estrela. Há um grande miradouro do qual se observa uma vista desobstruída sobre a paisagem de vales encaixados numa zona de contacto entre xisto e granito, recortados por diversos cursos de água.[2] As temperaturas mais baixas de Portugal são registadas no cume da Serra da Estrela, chegando mesmo a atingir -20°C no inverno